Publicado em 10 de junho de 2022

Özlem (Gülizar Nisa Uray) é uma criança carismática e entusiasmada com a vida. Aos oito anos de idade, trabalha com o pai nas ruas da Turquia, recolhendo dinheiro das colaborações realizadas pelos passantes, enquanto ele toca violino. Inesperadamente, se vê órfã e, com isso, é conduzida a morar com tio Mehmet (Engin Altan Düzyatan), irmão de seu pai com quem não tinha convívio. Em meio ao drama da separação e conflitos familiares, marcados pelo orgulho dos irmãos violonistas, o filme O violino do meu pai nos traz o valor da retidão e do perdão.

O desenvolvimento da história toca no tema da humildade e sua importância nas relações mais íntimas, como a família. Lembrando as palavras de Kardec: “Para o orgulhoso é um suplício ver colocados acima dele, cheios de glória e cercados de todas as atenções, o que na Terra havia desprezado, enquanto ele é relegado aos últimos lugares”. O filme representa, nesta nova dinâmica de relação entre tio e sobrinha, as marcas do orgulho e egoísmo do passado aos poucos se tornando barreiras, transponíveis somente por meio do perdão, primeiro de si, depois para com o outro.

Na obra O céu e o inferno – Primeira parte, Capítulo 7, Código penal da vida futura [1] –, Kardec aprofunda sobre estes aspectos: “O único meio de evitar ou atenuar as consequências futuras de uma falta é desfazer-se o mais possível dos seus defeitos na vida presente, reparando aqui mesmo o mal praticado para não ter de repará-lo mais tarde e de maneira mais terrível. Quanto mais demorarmos em combater os nossos defeitos, tanto mais rigorosas e penosas serão as consequências e a reparação que tivermos de fazer”. Que esta história possa ultrapassar a barreira da tela e seja bem recebida, proporcionando reflexão no convívio do lar. Um bom filme a todos.

Serviço

O violino do meu pai (2022)

Elenco: Engin Altan Düzyatan, Belçim Bilgin, Gülizar Nisa Uray.

12 | Drama | 1h52min

Disponível na Netflix

NB [1]: KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed.

Brasília: FEB, 2013. Primeira parte, Capítulo 7, Código penal da vida futura, p. 94.