“Entregamos, pois, ao leitor amigo, as novas páginas de André Luiz,
satisfeitos por cumprir um dever. Constituem o relatório incompleto de
uma semana de trabalho espiritual dos mensageiros do Bem junto aos
homens e, acima de tudo, mostram a figura de um emissário consciente
e benfeitor generoso em Aniceto, destacando as necessidades
de ordem moral no quadro de serviço dos que se consagram às
atividades nobres da fé.”
– Emmanuel.

XAVIER, F.C. Os mensageiros. Brasília: FEB, 2022. Prefácio

Mayara Paz | comunicacao@febnet.org.br*

Em 1944, chegou aos corações dos leitores, por intermédio das mãos dedicadas de Chico Xavier, o livro Os mensageiros [FEB Editora]. Conforme elucida a vice- -presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), Marta Antunes Moura,

“A importância principal para ambos, os espíritas e os simpatizantes, são os esclarecimentos a respeito da vida no Plano Espiritual, para onde todos iremos com a morte do corpo físico. Essa realidade é apresentada de forma simples, envolvente, mas sem mistérios ou fantasias. Em Os mensageiros entendemos que a vida continua no Além-Túmulo, feliz ou infeliz, de acordo com as nossas escolhas, ou uso do livre- -arbítrio, quando vivíamos na realidade física”.

Segunda obra da coleção A Vida no Mundo Espiritual, na sequência de Nosso lar, Os mensageiros, pelo olhar do médico André Luiz, trouxe a sua contínua vivência como aprendiz, em processo de reforma íntima, mais consciente de seu papel e com novos desafios agora no auxílio abnegado ao próximo. “Somente agora” – refletia André Luiz com a consciência da vivência coletiva daqueles que já têm olhos de ver – “percebia quão distanciado vivera das leis sub que regem a evolução das criaturas. A Natureza recebia-me com transportes de amor. Suas vozes, agora, eram muito mais altas que as dos meus interesses isolados. […]”. [Os mensageiros, pelo Espírito André Luiz, cap. 1 – Renovação.]

Logo, André seria preparado para compor o grupo rumo à iluminada tarefa de auxiliar irmãos comprometidos no Plano Espiritual com suas missões, mas que em suas existências na Terra se desviaram dos papéis que lhes cabia desempenhar.

Este poderia ser facilmente o enredo de tantas existências, mas ali era retratado por meio das missões de Otávio, Fernando e Isidoro e todos os que compartilhavam de suas vidas, débitos, amores, desafios e desventuras.

Da sombra à luz, seriam guiados pela sabedoria e generosidade do Espírito Aniceto e pelo desejo de auxiliar seus companheiros.

Lembra-nos Emmanuel:

Não falta concurso divino ao trabalhador de boa vontade. E quem observar o nobre serviço de um Aniceto reconhecerá que não é fácil prestar assistência espiritual aos homens. Trazer a colaboração fraterna dos planos superiores aos Espíritos encarnados não é obra mecânica, enquadrada em princípios de menor esforço. Claro, portanto, que, para recebê-la, não poderá o homem fugir aos mesmos imperativos. É indispensável lavar o vaso do coração para receber a “água viva”, abandonar envoltórios inferiores para vestir os “trajes nupciais” da luz eterna. [Os mensageiros, pelo Espírito André Luiz, Os mensageiros (prefácio).]

E assim fizeram.

Rumo a um milhão de exemplares vendidos, com tradução para o espanhol, esperanto, francês, inglês, russo e tcheco, Os mensageiros, mais que um marco na literatura, pode ser considerado um modelo vivo de consolo e de reflexão para milhões de corações sensibilizados por sua leitura.

Uma obra fortificada por conteúdo sólido e atual não se esgota. Leituras, interpretações, rodas de conversa, palestras, estudos ampliaram as palavras, levando a mensagem a tantos outros mensageiros. “O Espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites”, já nos antecipava Léon Denis sobre o próximo passo que daríamos, esclarecendo sobre o advento da forte e sólida união da arte com a Doutrina dos Espíritos:

A comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as indicações forneci[1]das sobre as condições da vida no Além, a revelação que ele nos traz das leis de harmonia e de beleza que regem o Universo vêm oferecer aos nossos pensadores, aos nossos artistas, motivos inesgotáveis de inspiração. (O espiritismo na arte. Editora CELD.)

Inevitável que, em meio ao advento de tantas tecnologias e com a arte contemplada com seu devido valor nos centros espíritas, o livro chegasse às diversas telas. Foi assim que, logo após o êxito do filme Nosso Lar, visto por mais de 40 milhões de espectadores no Brasil, considerando as suas diversas janelas de exibição e alcançando diversos idiomas e países, a parceria para a sua continuação chegou à Federação Espírita Brasileira.

Das páginas do livro Os mensageiros às telas do cinema, passaram-se quase oitenta anos. Neste sopro que são nossas vidas, como diria André Luiz, a hora certa chegou e, em 25 de janeiro de 2024 estreia nos cinemas do país Nosso Lar 2 – Os Mensageiros.

Com produção da Cinética Filmes, roteiro e direção de Wagner de Assis e distribuição da Star + (Disney), vem carregado pela expectativa e espera de espíritas, simpatizantes e demais interessados.

Após treze anos entre o primeiro filme e sua sequência, esta caminhada é acompanhada de perto pela Federação Espírita Brasileira por meio do selo FEB Cinema, participando como a detentora dos direitos do livro a ela repassados por Chico Xavier, bem como na atuação em consultoria doutrinária e com o ativo papel de divulgação.

A FEB se fez presente desde a leitura de roteiro pela diretoria, workshop com o elenco do filme – esclarecendo sobre dúvidas doutrinárias, falando sobre a obra e sobre a instituição FEB – até a presença de presidente e vices nos bastidores, acompanhando as filmagens em suas diferentes locações e, claro, trazendo a boa expectativa.

“Ao acompanhar a ambiência leve dos bastidores, de tantas pessoas empenhadas em contar esta história de missões, falhas, erguimentos, cremos que o público estará com emoções à flor da pele, sensível a receber as mensagens ali contidas para o seu próprio crescimento”, enfatiza Jorge Godinho, presidente da FEB.

Ao seu lado, a vice-presidente Marta Antunes, também presente no set do Rio de Janeiro, acrescenta: “Acreditamos que os espíritas e os não-espíritas receberão muito bem essa sequência do filme Nosso Lar. Creio que acontecerá um recorde de bilheteria, pois o filme está realmente, muito bom”. É mais uma oportunidade de semear o Espiritismo e as histórias nos mais de 700 títulos da FEB Editora, pelas diversas ferramentas ao nosso dispor.

Segundo o diretor do filme, Wagner de Assis, “os temas que a Doutrina Espírita oferece para os meios audiovisuais são sempre muito bem aproveitados desde os primeiros filmes feitos. É um manancial de boas histórias que precisa ser bem compreendido para ser adaptado adequadamente”. E complementa Wagner:

“Em Nosso Lar, pudemos apresentar um filme para os que não conheciam nada da história que falava sobre a vida depois da vida, os diferentes estágios do Espírito depois de desencarnar, as relações mais imediatas com os que ficaram na Terra. Era uma ‘apresentação’. Agora, temos a chance de aprofundar essas relações”.

Entre frio, sol, chuva, choros e sorrisos, os bastidores de um mês de gravações no Rio de Janeiro trouxeram, sobretudo, a ambiência própria de uma mensagem positiva, sensível e tocante. Ao todo, mais de 200 profissionais – dedicados mensageiros – na forma de atores, atrizes, roteirista, maquiadores, assistentes, técnicos, produtores, diretor, distribuidores foram envolvidos no processo da produção do filme, entregues à história e à responsabilidade de contá-la ao grande público por meio da arte.

O resultado? Veremos, refletindo e sentindo, em 25 de janeiro de 2024.

Este filme é uma obra de arte. Certamente será um vetor positivo a contribuir para a difusão da Doutrina Espírita, ao lado do livro e de outros instrumentos de divulgação do Espiritismo. Como dizia Allan Kardec, […] o Espiritismo abre à arte um campo novo, imenso e ainda inexplorado. Quando o artista houver de reproduzir com convicção o mundo espírita, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações […]. (Obras póstumas, trad. Guillon Ribeiro, 1ª pt., cap. Influência perniciosa das ideias materialistas, it. Sobre as artes em geral: a regeneração delas por meio do Espiritismo. FEB Editora).

N.A.: Coordenadora de Comunicação e Cinema da FEB; palestrante, consultora, articulista de Reformador, organizadora dos livros Palavras de luz e Bastidores de Nosso Lar 2 – Os Mensageiros; colaboradora no Departamento de Assistência Social e na Irradiação da FEB – Brasília (DF).